Clima de Moçambique

Influência Tropical

Moçambique, localizado na costa sudeste de África, apresenta um clima predominantemente tropical, moldado pela sua proximidade com o Oceano Índico e pela influência dos sistemas de monções. A extensa costa do país, com mais de 2.500 quilômetros, desempenha um papel significativo na moderação das temperaturas e na condução dos padrões climáticos sazonais. A corrente quente de Agulhas, que flui para sul ao longo da costa, intensifica as características tropicais, criando condições propícias para vegetação exuberante em algumas áreas e paisagens áridas em outras.

Clima Sazonal e Tropical

O clima de Moçambique é dividido em duas estações principais: a estação chuvosa e a estação seca. 

A estação chuvosa, influenciada pela Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) e pelos ventos de monção, ocorre geralmente de outubro a março. Durante este período, o ar quente e húmido proveniente do Oceano Índico traz chuvas intensas, especialmente para as regiões costeiras e do norte. 

A estação seca, de abril a setembro, caracteriza-se por temperaturas mais frescas e chuvas significativamente menores, devido ao domínio de sistemas de alta pressão. Ciclones tropicais, que ocasionalmente atingem a costa entre janeiro e março, podem trazer chuvas intensas e ventos fortes, impactando infraestruturas e a agricultura.

Variações de Temperatura

As temperaturas em Moçambique variam conforme a região e a estação, mas permanecem relativamente quentes ao longo do ano devido ao clima tropical. 

As áreas costeiras, como Maputo e Beira, apresentam temperaturas médias que variam de 20°C nos meses mais frescos (junho a agosto) a 30°C ou mais durante a estação chuvosa. 

As regiões do interior, particularmente no noroeste, como Tete, podem registar temperaturas acima de 35°C durante a estação quente, enquanto as noites mais frescas são comuns na estação seca. A altitude também desempenha um papel, com áreas mais elevadas, como os planaltos de Manica e Niassa, apresentando temperaturas mais amenas.

Níveis de Humidade e Precipitação

Os níveis de humidade em Moçambique são geralmente elevados, especialmente ao longo da costa, onde frequentemente ultrapassam 70% durante a estação chuvosa. As áreas do interior tendem a ser ligeiramente menos húmidas, embora ainda significativas nos meses chuvosos. 

A precipitação anual varia amplamente, com uma média entre 800 mm e 1.200 mm em todo o país. As regiões costeiras do norte e centro, incluindo Nampula e Zambézia, recebem as maiores quantidades de chuva, muitas vezes ultrapassando 1.500 mm anualmente, enquanto as áreas do sul, como Gaza, recebem menos, próximo de 500 mm. A estação chuvosa é responsável pela maior parte dessa precipitação, com chuvas intensas e de curta duração sendo comuns.

Distribuição da Precipitação

A distribuição da chuva em Moçambique é desigual, tanto espacialmente quanto temporalmente. 

As províncias do norte, como Cabo Delgado e Nampula, recebem a maior parte da sua precipitação de dezembro a fevereiro, impulsionada pelos fluxos de monção e pela ZCIT. As regiões centrais, incluindo Sofala e Zambézia, seguem um padrão semelhante, mas também são propensas a ciclones tropicais, que podem causar eventos de chuvas extremas. 

Em contrapartida, as províncias do sul, como Inhambane e Gaza, experimentam estações chuvosas mais curtas e menos intensas, com a precipitação muitas vezes concentrada em janeiro e fevereiro. Essa distribuição desigual impacta a agricultura, com as áreas do norte sustentando culturas como mandioca e milho, enquanto as regiões do sul dependem de irrigação ou variedades resistentes à seca.

Regiões Mais Secas

As áreas do sul e algumas regiões do interior de Moçambique são notavelmente mais secas, com condições semiáridas predominando em províncias como Gaza e partes de Tete. Essas regiões recebem menos de 600 mm de chuva anualmente, e a estação seca pode se estender por até oito meses. A falta de chuvas consistentes, combinada com altas taxas de evaporação, leva à escassez de água, desafiando tanto a agricultura quanto as comunidades locais. Nessas áreas, rios sazonais e fontes de água subterrâneas são cruciais, mas secas prolongadas, exacerbadas pelas mudanças climáticas, aumentaram a vulnerabilidade à insegurança alimentar e à escassez de água.